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O ranking da inovação

O ranking da inovação

O Brasil ficou na 69ª posição no Índice Internacional de Inovação, elaborado pela Universidade de Cornell, pela Escola de Negócios Insead, sediada na França, e pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI).

Foram analisadas 130 economias e o Brasil ficou estagnado em relação ao índice do ano passado. A Suíça liderou o ranking pelo sétimo ano consecutivo. Passamos da 47ª posição, em 2011, para a 69ª atualmente.

Quando o foco é a América Latina, no ranking da inovação o Brasil ocupa o sétimo lugar, o que é ruim, já que, com exceção do México, as demais são economias muito inferiores em tamanho. Como mencionei na semana passada, igualmente não vamos bem no ranking da competitividade.

A crise que levou o país a posições tão insatisfatórias nos rankings de inovação e competitividade se materializou, por exemplo, quando as fontes de financiamento público à inovação foram descontinuadas. Além disso, ocorreu uma forte desorganização empresarial com a instabilidade política e também com as investigações e processos judiciais.

Hoje, conceitos tradicionais como o tempo, influenciado pelos rápidos avanços da ciência e da técnica, a geografia, sob efeito dos acordos de livre comércio, e as vantagens estratégicas, em constante mutação, causada pelas novas formas de organização das empresas, vem sendo fortemente modificados pelas economias globais.

Por isso, o nosso maior desafio reside na necessidade de reconhecer que as novas economias requerem outras estruturas de governos, novos estilos de gestão e novas abordagens da inovação.

Entretanto, há dificuldades para as empresas inovadoras. O excesso de burocracia para a abertura de empresas, a alta carga tributária e a complexidade da legislação, que oneram os custos de operação e diminuem a competitividade dos negócios são alguns exemplos.

Também é preciso considerar as dificuldades no crédito, o alto custo do capital e a inexistência de formas alternativas de financiamento, com pouquíssimos “investidores anjo”, que aplicam seus capitais próprios, ou a sua expertise, quando identificam empresas inovadoras com alto potencial de crescimento (conhecidas como “startups”), além da baixa prioridade para o comércio exterior, o que deverá mudar.

O percentual de empresas efetivamente inovadoras é muito baixo em nosso país (somente 1,6%), pois nos Estados Unidos elas chegaram a 5,5% do total, na Inglaterra a 3,8% e, em Portugal, a 2,4%.

Além disso, é preciso considerar a má qualidade da educação, notadamente da educação básica e técnica, que não formam para o mundo do trabalho e não enfatizam a cultura do empreendedorismo. A reforma do ensino médio e a efetiva implantação da base nacional curricular comum serão decisivas para a melhoria de posição no ranking da inovação.

A competitividade é função do empreendedorismo, inovação e conhecimento e, dessa forma, pesquisa, desenvolvimento e transferência de conhecimentos e tecnologia são determinantes para empresas inovadoras adquirirem sustentabilidade e condições para participar do comércio internacional.

As relações universidade-empresa continuam precárias em nosso país, porque boa parte das universidades enfrenta obstáculos financeiros para a manutenção das incubadoras e parques tecnológicos, uma vez que cabe às instituições de ensino assegurar o funcionamento da infraestrutura laboratorial e das centrais analíticas, que vão garantir a capacidade de inovação das empresas.

Apesar disso, muito vem sendo realizado, em parte pelo apoio do SEBRAE e das Federações das Indústrias e, em parte, pela persistência de algumas das nossas mais importantes universidades.

Como ocorreu com a nossa classificação no ranking da competitividade, ficamos, na inovação, mais uma vez, numa posição incompatível com o volume de nossa economia que, mesmo em crise, ainda é a nona do mundo. Há muito a fazer, e tudo depende de uma nova política econômica e do entendimento claro da importância das universidades e institutos de pesquisa.

 

Fonte: oglobo