Quem não “erra” não inova
Tradicionalmente, os departamentos jurídicos foram vistos como “ilhas” de seriedade e de segurança, bem como de tradicionalismo, formalismo e estabilidade. E sequer se pensava em um jurídico que pudesse ser moderno, inovador ou até ousado e criativo.
Boa parte dessa imagem de estabilidade e de solidez foi, em muitos casos, confundida com uma aura antiga, retrógrada, “anti negócio” e formal. E, no campo corporativo, afastou bastante os advogados das áreas de frente nas empresas.
Na mesma linha, boa parte da postura que de fato alguns advogados tiveram por muitas décadas, decorria não apenas do contexto exageradamente formal que orientava a profissão, como também de uma certa “vontade de não errar” (ou medo), e com isso de “não ousar ou arriscar”.
Poucos advogados perceberam ao longo das últimas décadas que o possível receio de “fazer de outra forma” impedia a criatividade, a modernidade, e afastava da realidade (especialmente no século XXI).
O fato é que o jurídico corporativo atual precisa conseguir conciliar a segurança jurídica que dele se espera, com a ousadia e o ritmo das empresas, e precisa transmitir, além da confiança, também a vontade de ajudar, e a capacidade de gerar negócios e de acompanhar as novidades. Temos que fazer mais com menos, e de forma mais ágil, rápida, moderna e ainda com custo menor.
Essa evolução, exige sim criatividade, exige sim ousadia, e não há como fazer tudo isso sem uma certa dose de erro….
O jurídico moderno precisa abandonar o formalismo exagerado, e sempre que possível “a gravata” (como símbolo), e mostrar que pode (e deve) ser moderno, inovador e até ousado, no interesse da empresa e de seus negócios, e sem jamais abandonar a segurança jurídica, a lei e a ética.
A realidade atual exige um novo “tempero” e um novo “equilíbrio”, que todos temos que experimentar e aprender. O novo e o tradicional, o cuidado e a ousadia, a segurança e o arrojo, estão sendo redefinidos e resenhados.
Esse jurídico moderno que hoje desponta nas empresas mais modernas, ousadas, inovadoras, criativas e arrojadas (e que já perceberam a nova realidade), precisa não apenas estar “ao lado do negócio”, e dele entender profundamente, demonstrando efetivo conhecimento, e capacidade de mostrar caminhos e gerar resultados, “agregando valor à empresa”, como também ter coragem e ousadia para inovar.
Se a empresa de hoje é criativa, inovadora e moderna, é claro que o jurídico também precisa ser. E, da mesma maneira que “quem não faz contas e não mede, não administra”, “quem não erra não inova”!
O departamento corporativo que lida com as “questões legais” das empresas precisa agora ter coragem de inovar, de propor novos caminhos, novas maneiras de se realizar negócios, de se estabelecer projetos, uma nova relação com a “gestão de risco”, que garanta sim a segurança, mas que também permita (ao menos tentar) ousar.
Esse novo jurídico que quer, e precisa, ser inovador, também em sua própria estrutura e composição, e “pensar fora da caixa” – e também em como ser organizado e conduzido, precisa ser mais corajoso e temer menos o risco (logicamente, calculado!!). Ou seja, precisa permitir certos erros.
Logicamente, não se pensa em erros que afetem a empresa ou os negócios, e muito menos que possam trazer prejuízos à empresa ou aos seus “stakeholders”, pois seria a própria “antítese do jurídico que luta pela segurança”, mas em (pequenos) erros calculados, e que ajudem a permitir, e a incentivar a inovação e a evolução.
A história nos mostra ao longo dos séculos que todos os grandes cientistas, todos os grandes “descobridores”, todos os grandes criadores e inventores, e todos os grandes empresários cometeram erros. E com eles aprenderam! E que justamente com esse aprendizado, depois acertaram!
Se quem não erra não faz, e não aprende, se não estivermos errando, provavelmente não estaremos aprendendo, e nem fazendo!
O erro calculado precisa ser recontextualizado, como ferramenta de aprendizado, e com isso de reorganização. O jurídico que não erra, não inova, não se moderniza e não evolui. O jurídico que não ousa, e que não se permite errar, que ainda subsiste com um certo “medo de errar”, não consegue mais lidar com a moderna gestão de risco.
Gerir, agora, é correr riscos e arriscar (com cuidado), e ter a sabedoria de permitir o risco e com ele aprender. Vivemos, pois, numa nova equação com o erro, que precisa permitir o erro como fonte de aprendizado e de evolução, de inovação.
Se o seu jurídico corporativo quer acompanhar a nova onda empresarial, precisa se alinhar um pouco mais a ela, e precisa conhecer um pouco mais do novo, do moderno, do criativo, do ousado… e até do erro calculado.
Permita-se, e incentive a sua equipe, dentro de certos parâmetros, e de forma calculada, a errar um pouco. Quem não erra, não faz – e também não inova!!
Você está errando, está aprendendo, está inovando?
Esse é um dos vários tópicos que a moderna e estratégica gestão jurídica nas empresas vem estudando, e que tem evoluído bastante. Procure conhecer mais sobre a advocacia corporativa, seus desafios, as melhores práticas, e o que se tem feito de mais moderno no Brasil.
Fonte: jota.info