Há aproximadamente duas décadas, o ecossistema brasileiro de inovação dependia exclusivamente dos governos estaduais e federais para se desenvolver. Esse modelo, baseado na ideia de um Estado amplo e generoso, não deu certo. De lá para cá a realidade e o pensamento dos atores do mundo científico e tecnológico mudou a partir do surgimento da Open Innovation, quando diferentes entidades se unem para desenvolver ações que estimulem a pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I).
Com um cenário nacional mais robusto, gestores de ambientes de inovação, como parques tecnológicos, espaços de coworking, incubadoras e aceleradoras de startups e empresas de médio e grande porte, apontam que o caminho para desenvolver a economia brasileira é somar esforços. Esse tema foi tratado na 26ª Conferência Anprotec, nesta terça-feira (18), que acontece na capital cearense.
“As grandes empresas, por exemplo, abriram mão das suas estratégias de inovação vertical para interagir com outros atores. Não dá para esperar que os empreendimentos nascentes cheguem na camada de aceleração para começar a interagir com eles. Cada vez mais as companhias identificam boas oportunidades em empresas que estão nas primeiras fases de aceleração”, avaliou Antonio Marcon, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Samsung.
O co-fundador do Impact Hub, Henrique Bussacos, defende que os gestores de ambientes de inovação olhem para a próxima geração de empreendedores. “Esse grupo terá diversidade de gênero e cultura. O coworking pode contribuir para o ecossistema de inovação pensando em espaços que promovam essa integração”, disse o gestor.
O termo coworking surgiu para definir um ambiente onde vários profissionais, de diferentes áreas, trabalham e compartilham opiniões e ideias. A proposta é promover a interação no ambiente de trabalho. “A convivência, além do networking, ajuda a desenvolver um nível de confiança para facilitar a colaboração. O desafio que temos é criar oportunidades para indivíduos empreenderem em novos mecanismos”, complementou Bussacos.
Para o diretor executivo do Sapiens Parque, José Eduardo Fiates, a integração também deve ser feita em estratégias para impulsionar a aceleração de startups. Ele citou como exemplo as ações integradas que estimulam o crescimento dos empreendimentos instalados no parque de Santa Catarina. “Essas relações mais próximas permitem que os resultados aconteçam mais rapidamente. Quando cada uma das diferentes iniciativas de aceleração de empresas interage em um único ambiente cria-se facilidades para o empreendedor. Nosso objetivo é ajudá-lo a acessar recursos para se desenvolver rapidamente”, explicou.
Alex Jacobs, diretor executivo da Associação Brasileira de Aceleradoras de Inovação e Investimento (Abraii), sugere que os gestores de ambientes de inovação se articulem primeiro localmente. “No Brasil, há muita capacidade de empreender, mas muitos mecanismos não estão conectados. A inovação aberta [open innovation], há 20 anos, não faria o menor sentido. O novo modelo exige articulação local, nacional e global. Aquela ideia de pouca colaboração, na qual fomos treinados, está sendo desconstruída”, destacou Jacobs.
Ainda segundo o diretor, as aceleradoras de empresas dependem de uma relação produtiva com os demais atores do sistema para continuar existindo. O desafio para estes ambientes é atrair o capital de risco. Entre eles, os fundos privados de investimento, vistos com uma das principais ferramentas de enfrentamento à falta de recursos de subvenção econômica por parte do poder público.
FONTE: agenciacti