Os assuntos “tecnologia” e “inovação” há tempos não são novidade no ambiente corporativo. Mas, o que muitas empresas ainda não dominaram – ou, ao menos, exploraram corretamente – é como aplicar esses dois itens juntos no dia a dia.
Negócios conectados, máquinas inteligentes, acesso fácil e organização de um grande volume de dados, transformação de modelos de negócio e da experiência dos clientes são apenas alguns dos itens trazidos pela chamada revolução digital. E, para entendê-la, não precisamos nos apoiar, apenas, na introdução de tecnologias complexas à rotina corporativa. Empresas como Airbnb, Uber, Spotify, Netflix e Amazon estão atraindo cada vez mais consumidores com suas estratégias inovadoras e apresentando uma maneira diferente de fazer negócio. E elas são apenas uma amostra de tudo que ainda deverá vir por aí.
Com isso, quero dizer que a importância da transformação digital, hoje, deve ir além da responsabilidade dos CIOs e atingir todos os executivos de uma companhia como algo essencial para torná-la mais competitiva, como já é feito pelas “grandes” do mercado atual. Aproveito para citar aqui pesquisa do instituto Altimeter Group, que avaliou quais são os executivos que estão liderando essas iniciativas digital dentro das empresas. Dentre os destaques estão os CMOs, com 34% da fatia, seguidos pelos CEOs, que representam 27%. Os CIOs aparecem apenas na terceira posição, com 19%, e a justificativa dos resultados é: a primeira categoria de profissionais tem mais claramente o que seu departamento precisa e quais investidas que atrairão mais clientes e elevarão as vendas. Portanto, exigem inovação.
Mas ainda fica a pergunta: as empresas estão – mesmo – preparadas para esse desafio?
A Deloitte publicou, em 2016, uma pesquisa que levantou essa mesma dúvida a empresas de diferentes mercados. E o retorno que teve foi que quase 90% de gerentes e executivos esperam níveis “ótimos” ou “moderados” de disrupção digital em suas companhias, mas apenas metade deles afirma que estão se preparando adequadamente para isso.
A partir desse resultado, o que quero dizer é que estar apto a entrar nesse jogo vai além de simplesmente reconhecer sua importância. Seja a partir da automação dos negócios, da integração de sistemas e operações, da interoperabilidade, da conexão de suas “coisas”, ou até mesmo de uma ação de marketing inovadora, é preciso realmente dar um primeiro e decisivo passo. E no Brasil, onde os momentos econômico e político exigem a tomada de decisões certeiras, estratégias digitais eficientes ganham ainda mais destaque.
Outra pesquisa recente emite um sinal de alerta ao mercado. A Forrester, com o objetivo de descobrir qual era o grau de digitalização das empresas, conduziu entrevistas com 223 profissionais da área de TI e descobriu que, apesar de suas equipes reconhecerem a importância de questões como experiência do cliente, eficiência nos negócios e otimização da comunicação, apenas uma parcela de suas empresas está dedicando investimentos à área. Dentre os principais “culpados” para esse atraso, segundo o estudo, estão a pouca integração entre pessoas, processos e tecnologias, e também a falta de alinhamento sobre o momento de elencar prioridades e processos.
E por que alinhar esses fatores se torna tão fundamental? Respondo: a mesma pesquisa apontou que as companhias que possuem uma estratégia digital definida registraram aumento de receita de mais de 5% ao ano.
A preocupação e a importância de práticas digitais devem estar no DNA corporativo. Devemos, também, olhar para dentro de casa, elencar aquilo que funciona, as áreas que precisam de mais suporte, as que garantem projetos mais rentáveis e entender como cada uma está se posicionando.
A crise pode ser um freio para muitas investidas nos próximos meses, mas não deve tirar o foco dos negócios. O momento é de aproveitar as oportunidades, mesmo que a passos moderados.
O que quero destacar, portanto, é que, se a revolução digital não está em sua agenda para 2017, é preciso um olhar atento ao mercado ao redor para entender que a mesma será fator determinante para o sucesso ou não das empresas a partir de agora.
FONTE: ipnews